Muito do trabalho que é feito dentro do audiovisual ocorre ainda na informalidade. Aquele amigo que indica outro e que tudo é passado por uma ligação no WhatsApp ou num e-mail. Não que isso seja bom ou ruim, mas muita coisa é feita com base naquilo que as partes combinam entre si. Mas e quando algo foge do combinado? O que está ou não está incluído?
Não dá pra esquecer que o que a gente faz no mundo audiovisual ainda é um tipo de serviço; e como todo serviço, ele é feito por meio de coisas que são oferecidas por uma parte e que são comprados ou contratados por outra. Isso é bem simples. A questão toda é: como edição, tratamento e produção são processos que envolvem outros dentro de si e que não são palpáveis, fica um pouco difícil medir o que está incluso ou não dentro daquilo que será feito. E isso pode gerar, além de desgastes, perdas consideráveis de lucro.
Nossa primeira dica pra resolver essa situação é: exponha os passos necessários ou incluídos, e seus prazos, no serviço a ser oferecido. Comunicação: é sobre isso que a gente está falando, e isso é de vital importância. Por mais claro que seja o objetivo do cliente, ele dificilmente sabe como as coisas são feitas — e se sabe, tem seus próprios meios de como imagina a coisa toda. E esse processo de explicar pode ser até um pouco desgastante, mas é algo que você vai notar, com o tempo, que é necessário.
Você não precisa explicar todos os termos técnicos ou de como aquele crop vai ficar incrível, ou se o chomakey é a melhor opção para aquele take: mais importante que tudo isso é o seu cliente saiba aquilo que você pode e vai fazer, além de quanto tempo isso vai demorar — e esse passo vai ser complementar com outra dica que será dada mais a frente.
Entenda que, como todo serviço, seu cliente quer saber pelo que ele está pagando. Isso é uma das coisas mais importantes dentro da sua relação com seu cliente: você terá prejuízo se tudo o que fizer não tiver nenhum retorno real — e você terá perdido tempo, o que é ainda pior. Mas vai perder o cliente se seu preço final for muito caro. E é por isso que é importante que os valores sejam estabelecidos de forma a valorizar o seu trabalho, mas que leve em consideração, também, que seu cliente volte a fazer negócios com você (sempre ouvi que “é melhor pingar do que faltar” e eu acho que essa é uma coisa a se pensar nesse sentido).
Depois que isso tudo já foi feito, faça algum registro de concordância entre as partes sobre o que foi discutido até ali — e no que vocês concordaram. Isso não necessariamente significa que você precisa ter um contrato — que é ainda a opção mais segura e conservadora —, mas aquele famoso “e-mail pra formalizar” é sempre muito útil para registrar todas as outras coisas.
Claro que tem um limite e um peso entre tudo o que a gente falou aqui: você tem que pesar para que não fique desprotegido ou para que seu serviço não fique burocrático demais—nenhuma das partes quer se perder em burocracia: nem o cliente pra receber o que comprou e nem você pra receber o preço que foi combinado. Você vai encontrar, com a cada cliente, uma necessidade; e para cada necessidade terá vai sentir quais serão os passos que oferecerão o melhor para os dois. Com o tempo você percebe que o que é combinado não sai caro pra ninguém.

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