Trabalhar com audiovisual normalmente é o sonho de muita gente: não ter muito problema com ternos, poucas as produtoras que se preocupam se você tem ou não tatuagens, ou ligam se você assiste ou não uma determinada série de mangas japoneses…o que importa mesmo é quanta criatividade você carrega dentro de você — e se você é hipster o suficiente e tem uma bicicleta.

Até aqui tudo parece um sonho, principalmente quando algumas produtoras têm videogames, salas de “descompressão” e uma cafeteria de dar inveja a muitas dessas de shopping. Tudo isso costuma com muita cor, muitos puffs para o pessoal tirar aquela soneca e um clima bastante descontraído. A grande questão é: e como fica a criatividade?

Como todo ser humano, você já deve ter notado que seus momentos criativos normalmente são os mais improváveis: quando você estava na janela do ônibus, num dia chuvoso, ouvindo aquela música…foi nesse dia que você conseguiu resolver aquele problema no trabalho ou ainda entendeu o que quis dizer o artista da música.

Quem trabalha com audiovisual esbarra nesse “problema”: a criatividade parece ter vida própria. Ela só vem quando ela quer, fica o tempo que quiser e sai sem dizer pra onde foi e quando vai voltar. Isso, em outras palavras, quer dizer que você está trabalhando pra sua criatividade e não o contrário.
Muita gente acredita que a criatividade é um dom, quando a gente sabe que ela é uma habilidade, e que pode ser aprendida e desenvolvida. Mais do que tudo, você vai precisar inverter essa lógica e fazer com que ela trabalhe pra você!

Nós separamos algumas dicas para que você tenha sempre alguns recursos para começar a exercitar sua criatividade e fazer a lógica inverter:

• Referências — Parece repetitivo e é: consumir “matéria-prima” audiovisual é essencial para o desenvolvimento da sua habilidade criativa. Séries, filmes, curtas, tudo: aquilo que puder, de alguma forma, enriquecer você em termos criativos deve ser consumido.

• Não se prenda — Às vezes é um pouco difícil deixar de olhar para uma situação comum da forma que ela já se apresenta para a gente, mas para ser criativo e realmente desenvolver a si mesmo, você vai precisar se permitir desprender um pouco da realidade, então desrespeite algumas regras na hora que precisar — sendo só na sua cabeça, você não tem o risco de ir para a cadeia!

• Olhe novamente — Praticamente todas as coisas que são humanas já foram inventadas. Mas o que a gente consegue mudar é a forma que nós mesmo olhamos para elas e como elas nos afetam. Um copo de água que cai no chão não tem o mesmo efeito sobre todas as pessoas: uma pensa na água desperdiçada, outra no prejuízo do copo quebrado e outra sobre a segurança do vidro. Situações comuns podem gerar novas perspectivas.

• Não descarte ideias — Algo muito comum, quando a gente finalmente consegue desenvolver algo mais criativo, é o descarte de ideias. Muitas vezes nossa história, nosso vídeo ou nossa produção, de maneira geral, não está nem mesmo completa — é nesse momento que a maior parte do que foi desenvolvido é jogado fora, seja porque a história não parece real, ou porque o vídeo não tem os recursos suficiente ou porque aquele projeto parece não ser mais tão grandioso. Confie no seu trabalho até o fim: se ele não vingar, ele serve de base para um novo.

• Faça anotações — Lembra daquela fila no cartório da cidade, quando você era pequeno e sua mãe te dava um papel uma caneta? Não?! Era justamente porque você estava se concentrando em transformar uma ideia em marca no papel — e um recurso da senhora mamãe para que não ficássemos entediados. Rabiscar, marcar, escrever são recursos importantes na hora da criatividade. E não importa se é um texto ou desenho: tenha sempre um papel ou bloco de notas à mão ou no celular — isso vai te treinar a anotar e não perder ideias.

Claro, criatividade não é uma habilidade que nasce do dia para a noite, ela requer treino e empenho, como qualquer outra habilidade. Você vai ter que criar do zero em algumas vezes, você ainda vai se prender, vai se sentir meio preso, vai perder algumas ideias, não vai gostar de outras: isso tudo faz parte do processo criativo, e como andar de bicicleta, envolve pequenas quedas, mas uma vez que se aprende, não se esquece mais.

Escrito por João Leite

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